sábado, 24 de outubro de 2015

O Cheiro da Comida


Desde criança ouvimos de nossos pais que o importante para crescer é alimentar-se, assim pensava minha mãe, que me dava muitos vidros de Biotônico Fontoura para crescer e ficar forte. Eu era uma criança muito magra com apelido de Olívia Palito. Adorava sentir o cheiro de comida que invadia a casa. Minha mãe cozinhava muito bem. Se fecho os olhos ainda sinto o cheiro de minha comida predileta, massa com guisado. 
Sentia-me a criança mais feliz do mundo com a preparação para meu aniversário. A mãe fazia pizza com molho de sardinha e o bolo era assado no fogão a lenha. A cobertura feita com glacê e suco de pacotinho que era colocada num saquinho de leite para depois decorar o bolo. É claro, sobrava um pouco do recheio no saquinho para mim. A mesa era enfeitada com garrafas de Cyrillinha decoradas em embalagens de papel com desenhos da Disney. O bolo no centro da mesa para cantar o parabéns, como eu amava aquele momento. 
Com o tempo aprendi a cozinhar com minha mãe e descobrir seus segredos. Descobri novas receitas com familiares e amigos. Quando casei com o Tiago, sua avó ensinou-me a fazer seu bolo de aniversário. Lembro de cada ingrediente colocado na batedeira com muito cuidado e carinho. A vó Hilma sentia orgulho em passar adiante sua receita. Hoje ela não está entre nós, mas cada vez que preparo o bolo peço a ela me ajude a fazê-lo.
Adoro cozinhar e ter as pessoas reunidas em volta da mesa, onde tomamos um vinho à espera da refeição. É um momento único, no qual compartilhamos uma boa comida com um tempero especial, que é a alegria e a amizade compartilhada entre todos. Sou feliz ao servi-los e ver a satisfação em seus olhos, tocando seus corações e trazendo recordações de seus pratos preferidos.

Eliana Prates dos Santos

  
    
Um filme que instiga nossos sabores


Segredo de uma comida feita com o coração

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um Bom Café


      Desculpe-me os simpatizantes de cerveja e vinho, pois tenho paixão por café. Hábito que sigo desde a infância. Meu pai gostava de tomar um cafezinho após o almoço. Sempre deixava um pouquinho de sua xícara para mim. Até hoje lembro daquele sabor. Adoro acordar de manhã com o cheiro do café passado pelo Tiago e, após o almoço, seguindo a tradição tomo uma xícara para colocar as tarefas da tarde em dia.

      Quando viajava a Porto Alegre visitava uma cafeteria no centro, que ao chegar, era recebida pelo seu cheiro maravilhoso no ambiente. Sentava a mesa a espera do meu pedido e observava os frequentadores. Algumas pessoas lendo seu jornal, outras se encontram toda semana em papos animados e alguns estudando. Todos tinham um bom motivo para beber um bom café. Eu achava muito interessante esse hábito frequente das pessoas da capital, e torcia para que este gosto chegasse a Santa Maria.

      Alguns anos depois as cafeterias começaram a instalar-se na cidade. As pessoas passaram a frequentar estes locais e apreciá-lo, principalmente após um dia agitado de trabalho. E aqui, novamente repito o velho hábito, sento em minha cadeira e aguardo, observando as pessoas que passam apressadas na calçada. Penso qual será o destino delas ou simplesmente limpo o mente e curto essa excelente bebida.

Eliana Prates dos Santos

DEPOIS DA AULA...




             Verão de 1991, cursava o ensino fundamental, 7ª série, no colégio Educandário São Vicente de Paula, hoje UNIFRA Campus II na Silva Jardim, é difícil admitir, foi o ano em que a convite de um amigo entrei em um caminho sem volta. O início não foi com drogas que existem hoje, foi algo mais pesado e viciante, com máquinas de fliperama que devoravam nossa escassa mesada em fichas. Meu primeiro contato foi o “fliper do tio” na Bozano, onde depois, para nossa infelicidade virou o Chá Bar ao lado do antigo Café Brasil. Um tio de bigode muito camarada atendia e lá conhecemos desde os jogos Tartarugas Ninja, Sunset Riders, passando por Simpsons, Pit Fighter, Captain Commando e Final Fight. Era nosso recanto preferido, pois ficava a três quadras da escola e podíamos jogar uma ou duas partidas diárias entre o termino das aulas e a hora do almoço. Isso quando não matávamos aula, fugíamos das freiras cruzando sua horta que dava para a rua dos Andradas. Quando tínhamos mais tempo e dinheiro, pois a ficha era mais cara, íamos no primeiro Firefox, este sim com cara de fliperama, na Bozano quase no Calçadão, onde dávamos de cara com o arcade Michael Jackson’s Moonwalker e sua música inconfundível. Anos mais tarde abriu outro fliperama que não lembro o nome, na frente dos Correios da Venâncio, onde hoje é a SK8 Surf. Foi meu preferido, conheci e joguei por anos, nas noites, deste Street Fighter Zero, Mortal Kombat, Dungeous e Dragons, Metal Slug e meus dois jogos preferidos The Punisher e Cadillacs and Dinosaurs.

 
Imagem do jogo Michael Jackson's Moonwalker

HQ Xenozoic Tales
           
Este último lançado em 1993 pela Capcom, tinha o enredo baseado na história em quadrinhos Xenozoic Tales escrita por Mark Schultz lançada em 1987, e posteriormente virou desenho animado de 1993 a 1994, que misturava a era dos dinossauros e um cenário futurista cyberpunk. O game se passa no ano de 2513, no enredo a terra foi devastada pela poluição que ocasionou desastres naturais de todos os tipos. Para escapar a humanidade construiu vastas cidades subterrâneas na qual vivem por cerca de 600 anos. Ao voltar a superfície, sabe-se lá por que demoram tanto, os humanos descobrem que o mundo foi repovoado por formas de vida extintas. Nessa época, a tecnologia é extremamente limitada e aqueles que possuem habilidades mecânicas conquistam um grande respeito e influência. Os humanos conseguem estabelecer uma convivência pacífica com os novos habitantes até que a gangue Black Marqueters começa a caçar os dinossauros e cometer atrocidades, em reação estes se tornam hostis com os humanos e atacam seus povoados. Neste caos quatro amigos se unem para estabelecer a ordem. O mecânico Jack Tenrec, a bela cientista Hannah Dundee, Mustapha Cairo e Mess O’Bradovich. Tenrec possui uma oficina que restaura carros, particularmente Cadillacs, ele os modifica para funcionar com fezes de dinossauro como combustível. Foi um dos arcades mais populares na década de 90 com ótima jogabilidade, apesar disto não ganhou nenhuma versão para vídeo game, a principal razão seria o altíssimo valor cobrado pela GM para licenciar outra vez a marca Cadillac.


         
Com o tempo vários destes lugares mágicos foram encerrando suas atividades, motivados pela falta de público que preferia os solitários vídeo games ou games conectados em rede como o Counter Strike. Nos tempos de faculdade frequentei muito a Game Box, nome dado pois funcionava nos boxs de um apartamento na rua Venâncio, alugávamos a hora do cartucho de Nintendo para jogar no local, este foi evoluindo com a gente trazendo vários arcades desconhecidos na cidade. O que nos atraia nestes jogos era a simplicidade, a maioria com dois botões, soco e pulo, e suas combinações com manobras no comando era o estilo “beat’n up” bater e correr. Era apenas a boa violência desenfreada do início ao fim que não danificou nossos cérebros. As partidas duravam pouco mais de meia hora, enfrentando alguém aleatoriamente que o desafiasse, apostando sua preciosa ficha. A briga ficava restrita ao nosso avatar. Era uma válvula de escape para nossos problemas familiares. Neste ambiente ríamos, fazíamos amizades e nos divertíamos muito. Um vicio que trazia muitas satisfação, sanado momentaneamente por um bom emulador.



Tiago C. Santos



 


Intro Cadillacs and Dinosaurs

 Intro The Punisher
Clássicos Arcades

domingo, 4 de outubro de 2015

Evoluindo com a música








Aprendi desde criança a gostar de música. Meu primeiro contato com ela foi ouvindo ritmos gaúchos, boleros e tangos na velha vitrola que existia na minha sala. O meu pai era um apreciador destas melodias, eu ficava ao seu lado enquanto ele escutava estes ritmos. Outras vezes ele colocava um tango a tocar na vitrola e procurava minha mãe que estava fazendo a janta e cantava pra ela a música Adios Pampa Mia. Eu achava muito engraçado. Fui crescendo, ao longo da década de 80, e conheci o rock e o pop. Minhas paixões até hoje. Lembro com carinho das tardes de domingo que ficávamos reunidos até a noite na casa do Rui e da Marina. Lá a música reunia crianças, adultos e velhos. O toca-discos tocava Robin Gibb com sua música Boys do fall in love, Rod Stewart com Baby Jane, Michael Jackson com seu Triller e acompanhávamos fazendo coreografias. Não se pode esquecer do RPM e a Rádio Pirata, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso entre outros grupos. O piso da sala onde dançámos era de madeira e quando a música agradava os participantes o disco de vinil pulava no aparelho de som. O que desagradava o dono do LP, podia riscá-lo. 


 
Esperava ansiosamente para ver os clipes no Fantástico, nossa única opção. Os clipes musicais demoravam a chegar, pois não tínhamos internet ou canais musicais. Hoje as acessamos a qualquer hora. No ensino fundamental papos sobre música rolava na sala aula. Trocávamos revistas por baixo da classe como Bizz, Show Bizz e Posters Rock com nossos artistas preferidos. Numa dessas trocas descobri o rock pesado do Metálica e outras bandas da década de 60 e 70. De uma aula para outra aprendi com minha professora de matemática a música clássica. Fiquei encantada com sua melodia. 

No domingo passado olhei o show da banda A-ha no Rock’n Rio. Lembrei de quando conheci essa banda. Eu era apaixonada por eles e tenho dois discos de vinil da época. Na segunda quadra da Dr Bozano tinha uma pequena loja discos e instrumentos musicais Som Brasil. Descia a rua e via um monte de meninas gritando quando a capa disco foi colocado na estreita vitrine. Parei e olhei, era o disco no do A-ha, fui correndo para casa e incomodei meu pai uma semana para ganhá-lo, depois de tanta insistência consegui o dinheiro.




             Entrei na adolescência com meu corpo e mente cheios de energia. Adorava juntar a galera para dançar pagode, axé e rock nas noites de Santa Maria. As festas acabavam ao amanhecer. Recordo de sair com o sol no meu rosto. O corpo estava cansado mas a mente tão leve. É claro que o samba não era esquecido. Não perdíamos um carnaval e o quartel general era minha casa. A mãe perdia seu quarto, pois era o local onde dormíamos ao chegar da festa. Entrei na faculdade e nossas festas eram embaladas por pagode, axé e muita música gaúcha. Nas conversas com colegas durante as festas conheci a banda Creedence a qual gosto até hoje. A música faz parte da minha vida e, atualmente, escuto o ritmo musical apropriado para cada momento. Há alguns estilos musicais que não gosto, mas respeito o estilo de cada um. O importante é escutar a música que nos faça bem ao coração e alma.   

Eliana Vilanova P. Santos



 Metállica (Nothing else matters)

Michael Jackson (Thriller)