domingo, 20 de setembro de 2015

A MELHOR AVENTURA NAS ESTRELAS



Você prefere o bife bem ou mal passado? Juntos os integrantes dos Beatles eram imbatíveis, mas separados, Lennon ou McCartney? Um animal de estimação é o melhor amigo nas piores horas, mas, o cão ou o gato? Nossa sociedade se regra pela preferência em todos os aspectos, com poucas exceções, somos direcionados a ter uma posição, seja pelo tipo de música desverbalizada ou monofrasal do momento ou o saudosismo do rock dos anos 80. E dentro desta devemos fazer uma escolha dentro de outra escolha, como a melhor banda da época preferida e desta o componente mais talentoso, o mais estiloso e por aí vai. Isto cria um direcionamento, muitas vezes influenciado pela mídia, que nos distancia de um universo de possibilidades, sensações e aprendizado. Por que não dizer na roda de amigos que não possuímos preferência por um prato de comida específico, e sim eu prefiro uma comida bem feita, de qualquer lugar do mundo, que ao saboreá-la eu sinta o humor do cozinheiro que a fez e o frescor dos ingredientes recém colhidos. Então, por que comparar os mundos criados em Star Wars e Star Trek, cuja similaridade se situa apenas no devotamento dos fãs.

Star Trek é uma ficção científica, similar a Blade Runner e Alien: O oitavo passageiro, que surgiu inicialmente como seriado em 08 de setembro de 1966 nos Estados Unidos com o nome de Star Trek: The Original Series que durou inicialmente três temporadas, sendo seguida de várias outras franquias contabilizando mais de 700 episódios, sendo posteriormente transformado em filme em 1979 com o nome de Jornada nas Estrelas: O Filme e mais onze sequências, sendo o segundo e terceiro filmes Jornada nas Estrelas II: A Ira de Kahn (1982) e III: À Procura de Spock (1984) se destacando. Foi um seriado visionário de exploração espacial por novas vidas no universo, mostrou a amizade dual entre Spock, razão, e Kirk, sentimento. Mostrou o primeiro beijo inter-racial na TV e o entrosamento, em um ambiente claustrofóbico, de várias civilizações terrestres e espaciais, cada um com um papel muito importante no coração do que, a meu ver, é o organismo vivo do filme: Enterprise. Ao longo dos anos a tripulação foi mudando, mas mantendo sempre sua dinâmica e aspirações originais de romper as fronteiras do tempo e espaço. Suas mídias, em sua maioria, foram de baixo orçamento, o que, hoje em dia, torna cansativo revê-los, mas não menos emocionante. A série foi produzida exaustivamente, tendo períodos aqui no Brasil com mais de duas temporadas ao mesmo tempo, cada uma com sua linha temporal, tornando praticamente inviável acompanhá-las. Nesta confusão e saturação a audiência reduziu, inviabilizando novos projetos. Até que J. J. Abrams (Cloverfield, Missão Impossível III e IV) assumiu a tarefa de revitalizar os filmes preferindo seguir com uma nova linha temporal, não destroçando o original com um reboot. Presenteando-nos com um show visual e história envolvente, onde notamos todo o cuidado e assinatura de um diretor apaixonado.

Tripulação original da Enterprise

Já Star Wars foi concebido como uma trilogia de cunho fantástico lançada em 25 de maio de 1977, na qual George Lucas afirma ter preconcebida a nova trilogia, mas que na época não poderia tirá-la do papel devido a necessidade de altos investimentos e falta de tecnologia. Em minha infância, tornou-se mais digerível para uma criança de 7 anos, com seus personagens heroicos injustiçados e vilões elevando sua maldade ao sadismo. Esses filmes foram transformados em religião, angariando novos adeptos graças a um forte apelo de marketing. Na história acompanhamos o caminho do herói Luke Skywalker, saindo de sua vida pacata em Tatooine, abrindo os olhos para uma guerra iminente, passando por treinamentos, apuros e descobertas surpreendentes, fazendo-o acreditar em sua força interior até eclodir em um Cavaleiro Jedi, mas não o escolhido da profecia, sendo esta atribuído ao anti-herói Darth Vader. O conceito de força antigamente era algo descrito como espiritual, onde o herói deveria abandonar seus medos interiores para chegar ao esclarecimento. Fato este totalmente desconsiderado na nova trilogia, a qual atribui o conceito Jedi a um mero fator genético. Esta preferiu dar ênfase no conceito visual, mas com mérito à descoberta da origem de Anakin, trazendo personagens desinteressantes e não tão carismáticos. Nada supera a relação de amizade e conceito de família dos protagonistas Luke, Leia, Han e Chewbacca e não menos importantes as cenas cômicas dos androides R2-D2 e C-3PO. Aliás qualquer pessoa que sequer tenha assistido a um filme lembra destes nomes ou mesmo a inconfundível respiração robótica de Vader, mas não se lembra dos novos nomes surgidos atualmente. Recentemente, George Lucas vendeu a produtora Lucasfilm Ltd. e os direitos da franquia para a Disney, o que esperar: dezenas de filmes, talvez até uma quadrilogia do Jar Jar Binks, e milhares de artigos colecionáveis, uma verdadeira invasão do lado negro da força.

Personagens da trilogia clássica

  
É certo que no momento quanto mais filmes destas franquias são feitos mais o mundo de Star Trek se expande, enquanto Star Wars fica menos interessante. Diante destas características, vemos o quão diferentes estes filmes são. A melhor aventura nas estrelas depende da idade em que a mídia foi vista para se ter ou não a total compreensão do enredo, referências e dualidades, desse modo aproveitamos ao máximo cada experiência, deixando de lado as discussões acaloradas que rondam as estreias. Depende do que buscamos naquele momento, apenas um divertimento com apelo visual, ou uma temática mais rica em detalhes que nos instigue nossa imaginação.  Hoje em dia os filmes de Star Trek conseguiram se comparar em tecnologia e investimento a Star Wars, sendo para nós um glorioso deleite, não a questão de um sobrepujar o outro, mas para os apaixonados por cinema, como eu, que apenas quer sentar em uma cadeira de cinema e ser surpreendido por um filme feito com cuidado e com a assinatura de um diretor visionário e comprometido com a película, nos entregando um material interessante para fugir do cotidiano.

Aguardo Star Wars VII em dezembro e já sonho com Star Trek em um futuro não muito distante.

Tiago C. Santos

Evento da "Legião do Bem" na Athena Livraria em SM/RS para arrecadar brinquedos


Informações adicionais:

Podcasts interessantes sobre as sagas do melhor site sobre cinema: Cinema com Rapadura



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