segunda-feira, 2 de novembro de 2015

SPIRAL ZONE




Os desenhos animados eram companheiros inseparáveis em minha infância na década de 90 e persistem até hoje, claro, com uma certa seleção. Atualmente, a classificação restritiva imposta aos canais de TV, confundida com censura, nos apresenta desenhos altamente didáticos e chatos. Naqueles tempos fomos brindados com pérolas como G.I. Joe, Caverna do Dragão, Thundercats, Biônicos, Rambo, e tantos outros que permeavam suas aventuras com muita ação, violência e algumas histórias interessantes, Olhávamos o mesmo episódio inúmeras vezes sem os achar menos vibrante. Como olhei tantos desenhos? Nada que uma boa dose de bulling não propicie. Preferia ficar encerrado em casa em meu mundo imaginário de heróis, planetas inóspitos e muitas armas lasers a enfrentar as maldades do mundo. Para este post, escolhi um desenho que eu gostava muito e que surgiu em uma conversa com meu compadre Vagner, chamado Spiral Zone, passava no Xou da Xuxa da Globo, bons tempos para criança.

Spiral Zone é um desenho norte americano ambientado no início do século XXI, no ano de 2007, e acompanha a equipe de soldados especialmente treinados, os Zone Riders, que combatem uma organização terrorista, os Black Widows. Foi baseada na linha de brinquedos japoneses fabricados pela Bandai entre 1985 e 1988 com o nome de Special Force Group Spiral Zone.


O nome do desenho se deve ao plano estabelecido pelos Black Widows para dominar o mundo. Seu líder chamado Overlord, um dia foi o cientista James Bent, que criava armamentos militares, dentre elas um gerador que produzida uma área de névoa chamada de “Zona Espiral”, que envolveria uma grande área em seu entorno. Essa névoa continha uma bactéria, que deixava todos os infectados com olhos amarelados, manchas vermelhas pelo corpo e sem qualquer força de vontade, propensos a obedecer ordens. Para completar, os geradores se alimentariam da força vital das pessoas infectadas, conhecidas como Zoners, sim, os zumbies rastejavam livremente na TV aberta.

O intuito dos militares, evidentemente, era usar a Zona Espiral contra os inimigos da América, mas o Dr. Bent, entretanto, tinha outros planos e, com a ajuda de alguns comparsas, sequestrou um ônibus espacial e o usou para lançar geradores em todas as principais cidades do mundo. Com o uso de um antídoto desenvolvido por ele, Bent e seu grupo podiam viver dentro da zona espiral e comandar a infecção do resto do planeta, não sofrendo os efeitos cerebrais da bactéria.

Geradores
Diante desta ameaça, não restou ao mundo livre outra alternativa senão deixar suas diferenças de lado e cooperar. Após anos de pesquisa, e quase todo o planeta contaminado, a solução foi encontrada na forma do novo material Neutron-90. Com ele era possível construir armaduras, que protegem o usuário dos efeitos da bactéria por um tempo limitado. Foi suficiente para apenas cinco armaduras antes que o segredo de sua produção fosse destruído. A missão dos Zone Riders era invadir as Zonas Espirais, combater os Black Widows, resgatar os Zoners e destruir os geradores. A grande sensação do desenho, além da trilha sonora de abertura, eram seus veículos, enquanto que os Zone Riders primavam pela velocidade e a dirigibilidade utilizando veículos de apenas uma roda, armados com lasers, sendo que o do líder Major Dick Courage era equipado com um canhão de concussão (Rimfire), já seus opositores utilizavam verdadeiras cadeiras armadas com laser no topo, braços laterais rotativos e equipados com esteiras de tanque.

Capa da HQ da DC
A série durou apenas duas temporadas, por ser considerada muito sombria e inadequada para as crianças norte americanas, contou com 65 episódios. Os brinquedos foram relançados no mercado americano com os veículos idênticos aos japoneses e cada personagem vinha com uma fita cassete com uma aventura de áudio gravada. A DC Comics lançou uma série em quadrinhos em quatro episódios.

As crianças de minha convivência que compartilharam este e outros tantos desenhos “marginais” da década de 90 que tenho contato, são ótimos profissionais e bons pais. Nenhum, de meu conhecimento, se tornou agressivo ou como chamavam “descerebrado” por influência dessa mídia, talvez com traumas pessoais entranhados em suas mentes que teimam em vir à tona, propiciados por nossos próprios familiares e ou companhias de bairro e escola. Esses desenhos animados ditos violentos, e que hoje fazem parte das lembranças de saudosistas como eu, eram nossos companheiros e nosso consolo. Com eles desbravávamos novas realidades e enfrentávamos nossos medos interiores, mesmo que por pequenos momentos, enquanto durava o episódio.

Tiago C. Santos

 
Abertura e trilha sonora



Comercial dos brinquedos inspirados no desenho

sábado, 24 de outubro de 2015

O Cheiro da Comida


Desde criança ouvimos de nossos pais que o importante para crescer é alimentar-se, assim pensava minha mãe, que me dava muitos vidros de Biotônico Fontoura para crescer e ficar forte. Eu era uma criança muito magra com apelido de Olívia Palito. Adorava sentir o cheiro de comida que invadia a casa. Minha mãe cozinhava muito bem. Se fecho os olhos ainda sinto o cheiro de minha comida predileta, massa com guisado. 
Sentia-me a criança mais feliz do mundo com a preparação para meu aniversário. A mãe fazia pizza com molho de sardinha e o bolo era assado no fogão a lenha. A cobertura feita com glacê e suco de pacotinho que era colocada num saquinho de leite para depois decorar o bolo. É claro, sobrava um pouco do recheio no saquinho para mim. A mesa era enfeitada com garrafas de Cyrillinha decoradas em embalagens de papel com desenhos da Disney. O bolo no centro da mesa para cantar o parabéns, como eu amava aquele momento. 
Com o tempo aprendi a cozinhar com minha mãe e descobrir seus segredos. Descobri novas receitas com familiares e amigos. Quando casei com o Tiago, sua avó ensinou-me a fazer seu bolo de aniversário. Lembro de cada ingrediente colocado na batedeira com muito cuidado e carinho. A vó Hilma sentia orgulho em passar adiante sua receita. Hoje ela não está entre nós, mas cada vez que preparo o bolo peço a ela me ajude a fazê-lo.
Adoro cozinhar e ter as pessoas reunidas em volta da mesa, onde tomamos um vinho à espera da refeição. É um momento único, no qual compartilhamos uma boa comida com um tempero especial, que é a alegria e a amizade compartilhada entre todos. Sou feliz ao servi-los e ver a satisfação em seus olhos, tocando seus corações e trazendo recordações de seus pratos preferidos.

Eliana Prates dos Santos

  
    
Um filme que instiga nossos sabores


Segredo de uma comida feita com o coração

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um Bom Café


      Desculpe-me os simpatizantes de cerveja e vinho, pois tenho paixão por café. Hábito que sigo desde a infância. Meu pai gostava de tomar um cafezinho após o almoço. Sempre deixava um pouquinho de sua xícara para mim. Até hoje lembro daquele sabor. Adoro acordar de manhã com o cheiro do café passado pelo Tiago e, após o almoço, seguindo a tradição tomo uma xícara para colocar as tarefas da tarde em dia.

      Quando viajava a Porto Alegre visitava uma cafeteria no centro, que ao chegar, era recebida pelo seu cheiro maravilhoso no ambiente. Sentava a mesa a espera do meu pedido e observava os frequentadores. Algumas pessoas lendo seu jornal, outras se encontram toda semana em papos animados e alguns estudando. Todos tinham um bom motivo para beber um bom café. Eu achava muito interessante esse hábito frequente das pessoas da capital, e torcia para que este gosto chegasse a Santa Maria.

      Alguns anos depois as cafeterias começaram a instalar-se na cidade. As pessoas passaram a frequentar estes locais e apreciá-lo, principalmente após um dia agitado de trabalho. E aqui, novamente repito o velho hábito, sento em minha cadeira e aguardo, observando as pessoas que passam apressadas na calçada. Penso qual será o destino delas ou simplesmente limpo o mente e curto essa excelente bebida.

Eliana Prates dos Santos

DEPOIS DA AULA...




             Verão de 1991, cursava o ensino fundamental, 7ª série, no colégio Educandário São Vicente de Paula, hoje UNIFRA Campus II na Silva Jardim, é difícil admitir, foi o ano em que a convite de um amigo entrei em um caminho sem volta. O início não foi com drogas que existem hoje, foi algo mais pesado e viciante, com máquinas de fliperama que devoravam nossa escassa mesada em fichas. Meu primeiro contato foi o “fliper do tio” na Bozano, onde depois, para nossa infelicidade virou o Chá Bar ao lado do antigo Café Brasil. Um tio de bigode muito camarada atendia e lá conhecemos desde os jogos Tartarugas Ninja, Sunset Riders, passando por Simpsons, Pit Fighter, Captain Commando e Final Fight. Era nosso recanto preferido, pois ficava a três quadras da escola e podíamos jogar uma ou duas partidas diárias entre o termino das aulas e a hora do almoço. Isso quando não matávamos aula, fugíamos das freiras cruzando sua horta que dava para a rua dos Andradas. Quando tínhamos mais tempo e dinheiro, pois a ficha era mais cara, íamos no primeiro Firefox, este sim com cara de fliperama, na Bozano quase no Calçadão, onde dávamos de cara com o arcade Michael Jackson’s Moonwalker e sua música inconfundível. Anos mais tarde abriu outro fliperama que não lembro o nome, na frente dos Correios da Venâncio, onde hoje é a SK8 Surf. Foi meu preferido, conheci e joguei por anos, nas noites, deste Street Fighter Zero, Mortal Kombat, Dungeous e Dragons, Metal Slug e meus dois jogos preferidos The Punisher e Cadillacs and Dinosaurs.

 
Imagem do jogo Michael Jackson's Moonwalker

HQ Xenozoic Tales
           
Este último lançado em 1993 pela Capcom, tinha o enredo baseado na história em quadrinhos Xenozoic Tales escrita por Mark Schultz lançada em 1987, e posteriormente virou desenho animado de 1993 a 1994, que misturava a era dos dinossauros e um cenário futurista cyberpunk. O game se passa no ano de 2513, no enredo a terra foi devastada pela poluição que ocasionou desastres naturais de todos os tipos. Para escapar a humanidade construiu vastas cidades subterrâneas na qual vivem por cerca de 600 anos. Ao voltar a superfície, sabe-se lá por que demoram tanto, os humanos descobrem que o mundo foi repovoado por formas de vida extintas. Nessa época, a tecnologia é extremamente limitada e aqueles que possuem habilidades mecânicas conquistam um grande respeito e influência. Os humanos conseguem estabelecer uma convivência pacífica com os novos habitantes até que a gangue Black Marqueters começa a caçar os dinossauros e cometer atrocidades, em reação estes se tornam hostis com os humanos e atacam seus povoados. Neste caos quatro amigos se unem para estabelecer a ordem. O mecânico Jack Tenrec, a bela cientista Hannah Dundee, Mustapha Cairo e Mess O’Bradovich. Tenrec possui uma oficina que restaura carros, particularmente Cadillacs, ele os modifica para funcionar com fezes de dinossauro como combustível. Foi um dos arcades mais populares na década de 90 com ótima jogabilidade, apesar disto não ganhou nenhuma versão para vídeo game, a principal razão seria o altíssimo valor cobrado pela GM para licenciar outra vez a marca Cadillac.


         
Com o tempo vários destes lugares mágicos foram encerrando suas atividades, motivados pela falta de público que preferia os solitários vídeo games ou games conectados em rede como o Counter Strike. Nos tempos de faculdade frequentei muito a Game Box, nome dado pois funcionava nos boxs de um apartamento na rua Venâncio, alugávamos a hora do cartucho de Nintendo para jogar no local, este foi evoluindo com a gente trazendo vários arcades desconhecidos na cidade. O que nos atraia nestes jogos era a simplicidade, a maioria com dois botões, soco e pulo, e suas combinações com manobras no comando era o estilo “beat’n up” bater e correr. Era apenas a boa violência desenfreada do início ao fim que não danificou nossos cérebros. As partidas duravam pouco mais de meia hora, enfrentando alguém aleatoriamente que o desafiasse, apostando sua preciosa ficha. A briga ficava restrita ao nosso avatar. Era uma válvula de escape para nossos problemas familiares. Neste ambiente ríamos, fazíamos amizades e nos divertíamos muito. Um vicio que trazia muitas satisfação, sanado momentaneamente por um bom emulador.



Tiago C. Santos



 


Intro Cadillacs and Dinosaurs

 Intro The Punisher
Clássicos Arcades