Os desenhos animados eram
companheiros inseparáveis em minha infância na década de 90 e persistem até
hoje, claro, com uma certa seleção. Atualmente, a classificação restritiva
imposta aos canais de TV, confundida com censura, nos apresenta desenhos
altamente didáticos e chatos. Naqueles tempos fomos brindados com pérolas como
G.I. Joe, Caverna do Dragão, Thundercats, Biônicos, Rambo, e tantos outros que
permeavam suas aventuras com muita ação, violência e algumas histórias
interessantes, Olhávamos o mesmo episódio inúmeras vezes sem os achar menos
vibrante. Como olhei tantos desenhos? Nada que uma boa dose de bulling não
propicie. Preferia ficar encerrado em casa em meu mundo imaginário de heróis,
planetas inóspitos e muitas armas lasers a enfrentar as maldades do mundo. Para
este post, escolhi um desenho que eu gostava muito e que surgiu em uma conversa
com meu compadre Vagner, chamado Spiral
Zone, passava no Xou da Xuxa da Globo, bons tempos para criança.
Spiral Zone é
um desenho norte americano ambientado no início do século XXI, no ano de 2007,
e acompanha a equipe de soldados especialmente treinados, os Zone Riders, que combatem uma
organização terrorista, os Black Widows.
Foi baseada na linha de brinquedos japoneses fabricados pela Bandai entre 1985
e 1988 com o nome de Special Force Group
Spiral Zone.
O nome do desenho se deve ao plano
estabelecido pelos Black Widows para dominar o mundo. Seu líder chamado
Overlord, um dia foi o cientista James Bent, que criava armamentos militares,
dentre elas um gerador que produzida uma área de névoa chamada de “Zona Espiral”,
que envolveria uma grande área em seu entorno. Essa névoa continha uma
bactéria, que deixava todos os infectados com olhos amarelados, manchas vermelhas
pelo corpo e sem qualquer força de vontade, propensos a obedecer ordens. Para
completar, os geradores se alimentariam da força vital das pessoas infectadas, conhecidas
como Zoners, sim, os zumbies rastejavam livremente na TV aberta.
O intuito dos militares,
evidentemente, era usar a Zona Espiral contra os inimigos da América, mas o Dr.
Bent, entretanto, tinha outros planos e, com a ajuda de alguns comparsas,
sequestrou um ônibus espacial e o usou para lançar geradores em todas as
principais cidades do mundo. Com o uso de um antídoto desenvolvido por ele,
Bent e seu grupo podiam viver dentro da zona espiral e comandar a infecção do
resto do planeta, não sofrendo os efeitos cerebrais da bactéria.
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Geradores |
Diante desta ameaça, não restou ao
mundo livre outra alternativa senão deixar suas diferenças de lado e cooperar.
Após anos de pesquisa, e quase todo o planeta contaminado, a solução foi
encontrada na forma do novo material Neutron-90. Com ele era possível construir
armaduras, que protegem o usuário dos efeitos da bactéria por um tempo limitado.
Foi suficiente para apenas cinco armaduras antes que o segredo de sua produção
fosse destruído. A missão dos Zone Riders era invadir as Zonas Espirais,
combater os Black Widows, resgatar os Zoners e destruir os geradores. A grande
sensação do desenho, além da trilha sonora de abertura, eram seus veículos,
enquanto que os Zone Riders primavam pela velocidade e a dirigibilidade
utilizando veículos de apenas uma roda, armados com lasers, sendo que o do
líder Major Dick Courage era equipado com um canhão de concussão (Rimfire), já
seus opositores utilizavam verdadeiras cadeiras armadas com laser no topo,
braços laterais rotativos e equipados com esteiras de tanque.
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Capa da HQ da DC |
A série durou apenas duas temporadas,
por ser considerada muito sombria e inadequada para as crianças norte
americanas, contou com 65 episódios. Os brinquedos foram relançados no mercado
americano com os veículos idênticos aos japoneses e cada personagem vinha com
uma fita cassete com uma aventura de áudio gravada. A DC Comics lançou uma
série em quadrinhos em quatro episódios.
As crianças de minha convivência que
compartilharam este e outros tantos desenhos “marginais” da década de 90 que
tenho contato, são ótimos profissionais e bons pais. Nenhum, de meu
conhecimento, se tornou agressivo ou como chamavam “descerebrado” por
influência dessa mídia, talvez com traumas pessoais entranhados em suas mentes
que teimam em vir à tona, propiciados por nossos próprios familiares e ou
companhias de bairro e escola. Esses desenhos animados ditos violentos, e que
hoje fazem parte das lembranças de saudosistas como eu, eram nossos
companheiros e nosso consolo. Com eles desbravávamos novas realidades e
enfrentávamos nossos medos interiores, mesmo que por pequenos momentos,
enquanto durava o episódio.
Tiago C. Santos
Abertura e trilha sonora
Comercial dos brinquedos inspirados no desenho